quarta-feira, 31 de agosto de 2011








Sabia que o montado alentejano só existe aqui e em mais parte nenhuma?

Este ecossistema, criado pelo homem é constituído de florestas de sobreiros de equilíbrio muito delicado e que subsistem principalmente nas regiões a sul da península ibérica.



O sobreiro (Quercus suber) é uma espécie florestal que se distribui pela zona mediterrânica onde se faz sentir maior influência Atlântica, características que ocorrem sobretudo em Portugal, pelo que é este pais que tem melhores condições para o sobreiro, sendo esta árvore símbolo da paisagem típica da região Alentejo, associada em alguns locais a azinheiras formando o montado de sobro e azinho. Em Portugal, o montado de sobreiro representa cerca de 21% da área florestal, e aqui existe a maior extensão de sobreiros do mundo (33% da área mundial).






Legalmente protegido, o seu abate é proibido e incentivada a produção de cortiça e fabrico de rolhas. Mais de 50% da cortiça consumida em todo o mundo é produzida em Portugal. (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Montado)

O montado é a identidade mais expressiva do território do Alentejo”, e pode contribuir para a afirmação turística desta região de Portugal. “É algo que nos distingue, não só pela a sua “expressão paisagística, mas também pela sua ligação à gastronomia, à maneira de ser alentejana, à nossa hospitalidade e maneira de vestir, às ricas tradições culturais da região», constituindo assim uma marca de grande prestígio internacional, conforme afirmou a entidade Turismo do Alentejo que tem em curso um projecto para avançar com a candidatura do montado alentejano a Património Mundial, junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). 
Oxalá o consigam, pois há que preservar e promover aquilo que nos caracteriza. 


E agora, ficou com saudades ou com vontade de melhor conhecer o montado mas não pode deslocar-se até ao Alentejo? Aproveite a boleia e venha dar um passeio connosco pelo montado alentejano?

Ligue o vídeo e deixe-se levar.


(vídeo Delicioso Alentejo)

Gostaram do passeio? Ficaram com fome? Então que tal umas boas migas? 
A minha receita de hoje, é um prato típico do Alentejo, cuja confecção depende muito de pessoa para pessoa e até de localidade, mas não deixa de ser delicioso. 


MIGAS DE ESPARGOS VERDES COM CARNE DE PORCO E LINGUIÇA FRITA

Ingredientes:
1 molho de espargos verdes frescos
500 gr. miolo pão alentejano duro
400g de carne temperada com pimentão, alho e sal
50g linguiça
1 dl. azeite de preferência  do Alentejo
2 ovos inteiros
1 folha de louro
2 colheres sopa de banha de porco
4 dentes alho
q.b. sal


Corte os espargos aos pedaços, e coloque-os a cozer em água com um pouco de sal.
Quando estiverem cozidos, escorra e guarde um pouco da água.

Com um garfo pique os espargos e esmague-os levemente. Entretanto, frite as carnes com um pouco de banha de porco. Depois de fritas, retire e reserve.
No mesmo tacho faça um refogado com azeite, alho picado e o louro.

Junte os espargos, deixe refogar e acrescente um pouco da gordura proveniente das carnes;
Desfaça o miolo do pão embebido com a água da cozedura dos espargos;
Por fim junte o preparado anterior e envolva com a ajuda de uma colher de pau, os ovos e um pouco de gordura dos lombinhos. Continue a mexer sempre em lume brando, até que as migas fiquem secas.

Sirva bem quente acompanhado das carnes. 








Bom apetite!


sábado, 20 de agosto de 2011

ACEITA UMA FATIA DE PÃO?

Estive (quase) toda a noite numa padaria, uma daquela padaria que ainda faz o pão alentejano de forma tradicional em forno de lenha (eucalipto), e com fermento caseiro.

Nem calculam as horas de puro prazer que passei a ver crescer e a cozer aquilo que tem sustentado e ainda sustenta um povo. 



Quando cheguei a casa, com o meu pão acabadinho de sair do forno, não resisti em cortar uma fatia. Como explicar o que senti quando aquela côdea acastanhada estalou debaixo dos meus dentes, para logo a seguir, o miolo fofinho desfazer-se na minha boca. As minhas papilas gustativas entraram em êxtase, ou foi o meu coração? E delícia das delícias, o cheiro tão característico e reconfortante entrou-me lentamente pela alma!!! De repente, fui transportada até à mesa da cozinha da minha avô, onde me vi, ainda criança, a saborear com muito prazer uma fatia de pão, ainda quente, untada com banha e açúcar. 
De regresso à realidade, e dado o adiantar das horas, fiquei-me pela manteiga  a derreter no pão ainda quentinho e acompanhado de queijinho fresco. Posso assegurar que é também uma delícia. 


Por isso, hoje, apesar de ter dormido poucas horas (trabalho de padeiro é duro) acordei bem disposta, e resolvi presenteá-los com estas fotos.





Aceita uma fatia de pão com queijinho fresco?



Agora que já sabe como se faz pão (ver post Ceifeira Linda Ceifeira), e que provavelmente está de férias, que tal aproveitar a massa do pão para fazer paozinhos com linguiça e levar para a praia ou para o campo? 



PÃES COM CHOURIÇO OU LINGUIÇA 

Ingredientes: 
Os mesmos que para fazer a massa do pão.
Chouriço (linguiça), cortado às rodelas, conforme a sua preferência.



Estende-se a massa sobre uma mesa polvilhada de farinha, colocam-se as carnes por cima e cobre-se com a outra parte da massa.



Colocar num tabuleiro povilhado com farinha. 










Levar a cozer em forno, pode ir junto com o pão. 











Retirar do forno, e ai estão os pães com chouriço/linguiça prontos a comer.





Afinal, a felicidade está ao alcance de um pedaço de pão. Pura reconciliação com a vida!

Sejam feliz. Um abraço.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tempo para ser Feliz





Estive um tempo ausente, pois tirei uns dias de férias. Depois de um ano de trabalho, mesmo em pleno Alentejo, sabe sempre bem descansar um pouco para recarregar baterias. Aproveitei para conhecer um pouco melhor esta linda região e saborear tudo aquilo que ela tem para oferecer, pois durante estes dias, não houve momento nenhum que não me tivesse encantado. Assim, como muitos estão prestes a ir também de férias, tentarei sempre que possível completar este blogue com informações que possam ser úteis para todos aqueles que aqui queiram ser felizes.

Considerado como uma das regiões mais pobre da Europa, pois tem sido muito esquecido de tudo e de todos, salvo daqueles que o têm no coração, o Alentejo não deixa de ser paradoxal pela riqueza que oferece à sua volta. Começando pela forma de aqui se viver. Costuma-se dizer que “tempo é dinheiro” e se aquilo que mais se tem no Alentejo é tempo, então tudo no Alentejo é riqueza. E é mesmo.

De rica gente está ele cheio, mas também de ricas paisagens e clima, ricos costumes, ricas praias, ricos rios e barragens, ricas carnes e peixes, ricas sopas e açordas, ricos vinhos, ricos sabores, ricas cores, ricos cheiros e perfumes. Um verdadeiro tesouro à espera daqueles que aqui procuram um turismo de qualidade em detrimento de um turismo de massificação.

Apesar do seu aparente isolamento, o desenvolvimento tem sido progressivo. As vilas e cidades têm-se modernizado, as infra-estruturas foram crescendo pouco a pouco, sem grandes atropelos. Assim, aqui vai a vida com calma e tranquilidade, sem pressas, sem o rebuliço dos engarrafamentos e o stresse das grandes cidades. Aqui, há tempo para tudo. Aproveite agora que está de férias e venha partilhar com a família, com os amigos.

(Re)aprenda a dar importância às coisas simples da vida: apreciar o cantarolar dos passarinhos, deslumbrar-se com um céu imenso cheio de estrelas ou perante os campos de trigo ou de girasóis.
Quem pensa que está a perder tempo, desengane-se pois é no Alentejo que se aprende a ser Homem, com todo o “Tempo para ser Feliz”, conforme o slogan adoptado pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo http://www.turismodoalentejo-ert.pt/. Por isso, a alma alentejana é tão especial. Verdadeira, sincera, fiel, dedicada e amiga, é alma de poetas e de trovadores.



E agora, é hora de passar à mesa, e como nesta altura não se está para grandes despesas, aqui deixo uma receita que vem mesmo a calhar, além de ser deliciosa, é barata e muito fácil de cozinhar.



CAVALA COZIDA COM CHEIRINHO A ÓREGÃOS

Curiosamente, a cavala, peixe da família do atum e rico em gordura saudável, não tem valor comercial, é pouco procurado e apreciado. Daí o seu preço tão reduzido no mercado.


Ingredientes:
1 kg cavalas (de preferência grandes)
2 ou 3 pés de orégãos
Sal


Comece por amanhar as cavalas, cortando as barbatanas e retirando as tripas. Salgue e deixe repousar uma a duas horas para ganhar sabor.

Depois, coloque o peixe num tacho, corte ao meio se for muito grande.









Acrescente os pés de óregãos e um pouco de sal. Entretanto, coza umas batatas e um legume à sua escolha (feijão verde, grelos, etc).










Quando tudo estiver cozido, sirva as cavalas com as batatas e o legume, regue com azeite e vinagre e acompanhe com um bom vinho branco bem fresquinho.

Pode também acompanhar com uma salada.





Bom apetite, e não se esqueça de respeitar o Tempo, para que ele o respeite a si.
Viva tranquilo, viva feliz. Junte-se ao Grupo das Violas Campaniças e cante com eles esta linda canção: Meu Lírio Roxo do Campo. 




(vídeo Património89)