domingo, 22 de abril de 2012

Papoilas do Alentejo




Uma papoila cresceu no asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Uma papoila toda vermelha, com os seus olhos negros virados para mim, de folhas empinadas. Era muito frágil essa papoila. Pelo menos parecia. É que apesar da sua aparente fragilidade teve força suficiente para romper pelo asfalto e crescer na mais árida das terras. E ela cresceu, cresceu, erguendo-se dia após dia em direcção à luz e ao sol. Quando o vento lhe batia, dobrava-se um pouco para logo a seguir endireitar-se. Tão valente me saiu essa papoila. Valente ou orgulhosa por ter conseguido vir do fundo das trevas e abrir o seu caminho em direcção à liberdade? 
Apesar de tanto lutar para se manter erguida, não conseguiu resistir aos calores tórridos e secos do Verão que se aproximou. E lá se foi a bela papoila. Desapareceu. Desengane-se quem pensar que se perdeu para sempre, pois, na Primavera seguinte lá estava ela outra vez a romper pelo asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Uma papoila toda vermelha, com os seus olhos negros virados para mim, de folhas empinadas. Ela não desistiu, simplesmente recolheu-se uns tempos para regressar com mais força e largar as suas sementes, para ao seu lado crescerem mais papoilas. E já não era só uma mas todo um tapete de papoilas que estava junto ao passeio da minha casa. Unidas, sem se deixarem quebrar pela força do vento, a baloiçarem-se num sopro de esperança. Eu sei que um dia partirão mas voltarão, com os olhos negros cheios de sonho e de verdade, e irão crescer ainda mais juntas e unidas, pelo asfalto duro e árido da minha rua.
Esta papoila podemos vê-la nos campos do Alentejo. Manchas vermelhas de paixão, fervor e resistência, a lutar por um lugar ao sol, por um lugar melhor. Frágil, mas com a força e a convicção suficientes para enfrentar as maiores adversidades. E, mesmo que por momentos pareça não existir mais, o sonho, a luta, a razão e a justiça farão com que volte novamente. Como aquela papoila que rompeu pelo asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Tal e qual a democracia.





Nunca esteve no meio de um campo cheio de papoilas? Então, faça este exercício. Sente-se confortavelmente e imagine-se rodeado de flores. Oiça a natureza a cantar a vida. Sinta-se tranquilo, em paz e livre. Veja quanta felicidade estas e outras flores lhe podem transmitir. 



Mas felicidade, é também comer uma bela fatia de bolo de requeijão. E, esta é a época do requeijão. Vamos lá então provar uma deliciosa fatia.... ou duas.....

BOLO DE REQUEIJÃO

Ingredientes
250 gr. de Requeijão 
200 gr. de Açúcar 
150 gr. de Farinha de Trigo 
50 gr. de Margarina 
4 Ovos Inteiros 
1 colher de chá de fermento
1 Raspa - Limão 
1 Colher chá de Canela em pó

Bata as gemas com o açúcar e o requeijão previamente esmagado com um garfo. Acrescente a farinha, a manteiga derretida, o fermento, a canela e a rapa do limâo. Mexa tudo. Bata as claras em castelo e adicione ao preparado anterior. Envolva bem. Deite numa forma, untada com manteiga e forrada com papel vegetal também untado. Leve ao forno pré-aquecido a 180.º durante cerca de 40 minutos. Polvilhe com açúcar em pó e sirva.






domingo, 15 de abril de 2012

Churrasco da Primavera


No último sábado, como combinado, realizou-se mais um Delicioso Encontro Alentejano, que a verificar pelo ar de felicidade dos participantes, foi outro sucesso. 
Jovens e adultos compareceram, neste sábado de Páscoa, e lançaram-se pelos campos fora. Enquanto que uns aproveitavam para tirar fotografias, outros observavam as flores e as plantas que crescem na planície alentejana nesta altura da Primavera, e particularmente as ervas aromáticas que se encontravam pelos caminhos e junto às ribeiras e barragem.

Tudo estava a nosso favor, até o tempo esteve connosco, pois o sol que dias antes andava escondido, nesse dia quis juntar-se à festa e brindou-nos com uns raios que muito contribuíram para que neste encontro reinasse a boa disposição e a alegria.

Depois de uma bela caminhada, e já com o estômago a dar horas, todos partilharam o delicioso “Churrasco da Primavera”. Por se tratar de um fim-de-semana festivo, além das diversas carnes, foi ainda degustado um saboroso leitão e grelhadas umas perdizes, que comidas, barradas com um pouco de manteiga, eram de chorar por mais.

A festa seguiu a bom ritmo com muito convívio, música, cantorias e dança. No final, uma vez mais todos se despediram com o desejo de participarem sempre que possível nestes encontros.

Parafraseando, o nosso grande poeta, Fernando Pessoa, apetece-me adaptar o seu poema a estas palavras. Espero que, onde quer que ele esteja, não me leve a mal:

Ó Alentejo amado, quanto do teu campo
São alegrias de Portugal!
Por te cruzarmos, quantos se salvaram
Quantos filhos brincaram
Quantas noivas decidiram casar
Por causa de tí, ó Alentejo

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quiser passar além do Tejo
Tem de vir com desejo
Deus ao campo o ar e a tranquilidade deu
E é nele que repousou o céu


Valeu a pena este encontro? Claro que valeu a pena. Todos saíram de aqui felizes e a conhecer um pouco mais do Alentejo. E, Isto dá-me vontade de continuar com esta aventura de levar as pessoas a descobrir um pouco deste pequeno pedaço de paraíso que é o Alentejo. E, tenho esperança de um dia poder contar com a sua presença. 


Entretanto, deixo-lhe aqui uma sugestão de almoço.    
Se tiver à espera de visitas e não saber o que cozinhar, proponho-lhe aqui algo muito fácil, barato, rápido de fazer e que certamente irá encantar os seus convidados.  
                                 
Lombinhos de porco com cogumelos de coentrada

Ingredientes: 
Lombinhos de porco
Cogumelos
Alhos
Limão
Azeite
Sal q.b


Deite umas pedrinhas de sal nos lombinhos e ponha a grelhar. 









Quando a carne estiver grelhada, regue com sumo de limão e sirva acompanhada de uma salada e dos cogumelos que entretanto, depois de lavados e tirado os pés, foram postos a grelhar, com um pouco de sal e recheados com alho cortado, coentro e um fio de azeite. No final, regue com um pouco de sumo de limão.










Bom apetite!






terça-feira, 3 de abril de 2012

Semana gastronómica do borrego


Desde o dia 2 de Abril, uma centena de restaurantes do Alentejo participam na semana gastronómica dedicada aos pratos de borrego.
Esta iniciativa da Turismo do Alentejo acontece durante a quadra festiva da Páscoa até ao dia 9 de avril.
O borrego é tradicionalmente consumido nesta altura do ano. É pois uma boa oportunidade para os restaurantes de vários concelhos alentejanos darem a provar as deliciosas receitas confeccionadas “com a mestria dos saberes e sabores tradicionais do Alentejo” e mostrarem também a qualidade gastronómica desta região, e os seus produtos endógenos. Se vem ao Alentejo, aproveite e delicie-se com estas iguarias.
Eu recomendo o ensopado de borrego. A receita deste prato tipicamente alentejano poderá encontrá-la no post que coloquei aqui: http://www.deliciosoalentejo.com/search/label/Ensopado%20de%20Borrego


Na altura, propus que descobrisse os ingredientes e algumas palavras que compunham a receita. Como prometido, aqui deixo a resposta.
As palavras são as seguintes: 
Ensopado, borrego, pão duro, vinho, azeite, alho, pimenta, louro, malagueta, água, sal, batatas, hortelã, tacho, cozer, ferver, travessa.


 
   

Mas os borregos não são unicamente aqueles animais tão dóceis criados no Alentejo e que constituem uma das principais carnes consumidas nesta região. Também são autênticos cantores. Já alguma vez os ouviu soltar balidos? Reparou como eles respondem uns aos outros como se estivessem a cantar ao despique? 
Oiça-os aqui a interpretar esta belíssima canção: "Se fores um dia a Serpa". Como vê, no Alentejo, toda a gente sabe cantar! 




                          Feliz Páscoa!