quinta-feira, 23 de junho de 2011

Deliciosas praias alentejanas




O Verão chegou e os dias solarengos convidam a uma ida à praia. Este ano, uma vez mais, por terem cumprido um conjunto de critérios de natureza ambiental, de segurança e de conforto dos utentes, as praias do litoral alentejano vão hastear a bandeira azul. São elas: Almograve, Carvalhal, Furnas e Zambujeira do Mar (Odemira), Porto Covo, Ilha do Pessegueiro, Morgavel, S. Torpes, Vasco da Gama e Vieirinha (Sines), Costa de Santo André e Fonte do Cortiço (Santiago do Cacém), Aberta Nova, Altlântica, Carvalhal, Comporta, Pego, Tróia Bico das Lulas, Galé e Mar (Grândola).  
Agora que sabe quais são as melhores praias do Alentejo, que tal um mergulho nas suas belas e maravilhosas ondas? Não me diga que não tem saudade de passear no areal ou de simplesmente estar sentado frente ao mar e ali ficar sem outra preocupação que de olhar para as ondas ir e vir…, ir e vir, repetidamente, ora morrendo suavemente junto à praia, ora rebentando com toda a força a sua espuma branca na areia.
Está longe, não se pode deslocar? Então deixe-me leva-lo até qualquer uma das nossas lindas praias do Alentejo.
Escolha uma, a sua preferida, sente-se junto à água, com o olhar perdido no infinito do Oceano Atlântico. Respire fundo e devagar, enquanto vê este pequeno vídeo, com o ecrã do seu computador aberto no máximo, e o som ligado.  




(vídeo Delicioso Alentejo- Canal Youtube)


No ar, sinta o cheiro intenso a iodo e a maresia. Deixe-se ficar ali o tempo que quiser ou até que o canto das gaivotas anuncie o fim do dia.








 O sol põe-se devagarinho. No horizonte, os barcos de pesca deslizam na água.

E,  começam a entrar na barra com o peixe fresco, que de manhã, bem cedinho, irá comprar ao mercado.


Ali irá encontrar uma grande variedade de peixes com autêntico sabor a mar. Escolha o que mais lhe agradar para fazer um bom grelhado.
Aproveite para dar uma volta no mercado. Aprecie todas aquelas cores e cheiros característicos. Compre alface, pepino e tomates.
Quando chegar a casa, pegue no peixe. Tire-lhe as escamas e limpe o interior. Salgue. Deixe ficar um tempinho para ganhar mais sabor.
Entretanto, numa panela, coza umas batatas com a pele e um pouco de sal.
Se o peixe for espesso, dei-lhe um pequeno corte e coloque-o num grelhador, virando de quando em quando até estar assado.
Depois de assado, ponha um pouco de alho e coentros picados. Regue com azeite. Acompanhe com as batatas peladas e uma salada ao seu gosto.
Um bom vinho branco alentejano bem fresquinho vinha mesmo a calhar. De sobremesa, fruta da época. Agora, as cerejas estão uma delícia.


À tarde volte a deslumbrar-se com as encantadoras praias alentejanas. E à noite, aproveite  para bailar com esta belíssima Canção do Mar do Trio Odemira. 





Entre nessa onda e seja feliz!



sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ceifeira, linda ceifeira



Hoje, um pouco por todo o país festeja-se o 10 de Junho, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, e o meu pensamento vai para todos os Portugueses espalhados por esse mundo fora. Mas penso particularmente, nas mulheres alentejanas, as ceifeiras de outrora, que sempre tanto lutaram e trabalharam e que, como a minha mãe e milhares de outras Portuguesas tiveram de emigrar para poder oferecer uma vida melhor aos seus filhos.
Mariana, era o seu nome. Um nome muito comum no Alentejo. Um nome doce e harmonioso como os campos de trigo, balançando pela brisa na planície alentejana.
Ela era assim, a minha mãe, pequena e frágil com os seus cabelos castanhos caídos sobre os ombros e os seus olhos verdes azeitona a olhar para nós cheios de ternura. Educada para servir a sua família, o seu marido, os seus filhos, para ela, nunca nada era suficiente para a felicidade dos seus. Então, trabalhava de dia e de noite para que nunca lhes faltasse nada. Ela jamais dizia: “E eu então?! Nunca se queixava, pois para ela, como para muitas mulheres alentejanas, a sua vida era essa. Ficava feliz de nos ver felizes, e isso era suficiente para a fazer feliz. Ela era bonita a minha mãe. De uma beleza simples e tranquila da qual nunca se apercebeu. Mas, a sua beleza era também a sua generosidade, a sua enorme disponibilidade para com os outros. Ela cantava bem, diziam. Mas raramente a ouvi cantar. A sua voz calou-se quando teve de emigrar e deixar muito jovem a sua família para ir ter com o seu marido, num dia frio de Inverno, sozinha com duas crianças pequenas nos braços. Uma vida difícil, num país distante do qual nem conhecia a língua, esperava por ela. Desde então, nunca mais cantou, minha mãe. Os tempos eram duros. Mas como todas as mulheres alentejanas, ela era forte e corajosa. E depressa se adaptou. Mas, tão longe do seu país, como ir às compras? Como cozinhar com produtos que desconhecia, com nomes estranhos, em caixas e frascos estranhos. Tudo lhe parecia estranho. Ela própria não era uma estrangeira?


Mas depois lembrava-se do tempo quando ia à monda, e que partia mal o sol levantava com as suas companheiras. Em rancho, percorriam quilómetros a pé, por estradas e caminhos, até às herdades onde debaixo de um calor abrasador, passavam horas a fio a mondar ou a ceifar o trigo, mas sempre a cantar. Os campos de trigo eram imensos e estendiam-se por largos quilómetros pelo Alentejo adentro, celeiro do país. Não havia, e não há, como o Alentejo para produzir o melhor pão do mundo. Cozido em forno de lenha, o seu cheiro e a sua crosta estaladiça entontece-nos como o mais saboroso dos pecados. Uma grande parte da gastronomia alentejana era, e é, a base de pão, sustento de muitas famílias. Mas, naquele país, a minha mãe, sem o seu pão alentejano, sentia-se perdida. Como fazer as suas açordas com um pão chamado “baguette”? Então, arregaçou as mangas, e pôs-se a cozinhar o seu tão amado pão.
A minha mãe já partiu, mas não foi em vão, pois deixou-me não o seu jeito para a cozinha, isso queria eu, mas sim as receitas dos seus pratos maravilhosos.
É por esta razão, e para perpetuar a sua memória e a de todas as mulheres alentejanas  que um dia também tiveram de abandonar tudo e todos, que decidi  partilhar consigo não só as receitas da minha mãe, mas também as do povo alentejano, fáceis de realizar, com um sabor particular, pois cozinhadas com amor e com produtos e ingredientes de excelência produzidos no nosso Alentejo. 




A minha receita de hoje, como não podia deixar de ser:

Como fazer pão alentejano?


PÃO ALENTEJANO

Ingredientes

Para o pão
500 g de farinha T 65
14 g de sal por cada kg de farinha
300g de água morna

Ou se optar por fazer o fermento em casa
90 g de farinha,
50 g de água morna  
5 g de fermento de padeiro fresco


Preparar o fermento com um pouco de farinha, água, sal e deixar levedar de um dia para o outro como os antigos faziam.
No dia seguinte quando ficar azedo, deitar a farinha num alguidar bastante grande.
Fazer uma cova na farinha. Colocar o fermento dentro do buraco e desfazer a farinha pouco a pouco com a mão, misturando a água morna e o sal, até que a farinha ensopa totalmente a água. Misturar tudo até fazer uma bola. Amassar, batendo com os punhos até fazer uma bolha de ar.

Deixar a massa repousar 2 horas para levedar. Cobrir o alguidar para não formar côdea. Depois de crescer a massa, cerca do dobro, descolar a massa do alguidar com as mãos enfarinhadas.



Cortar a massa e moldar o pão numa superfície enfarinhada. Para 1 kg de pão, moldar 1,2 kg pão, pois o forno “come” 200g ao pão. (Retirar cerca de 150g de massa para a próxima vez que cozer pão, e conservar durante 3 dias no frigorífico ou guardar no congelador).


Para fazer as “cabeças” do pão tradicional do Baixo Alentejo, puxar a parte mais estreita da massa e colocar por cima da parte mais larga.
Depois de moldado, deixar repousar a massa coberta pelo pano mais meia hora.

Polvilhar um tabuleiro com farinha, e colocar o pão, enfarinhando a superfície do mesmo.



Levar ao forno, que foi pré-aquecido, e deixar cozer cerca de uma hora, no forno a lenha de eucalipto a 250º.
No forno eléctrico cozer o pão a 275º nos primeiros 5 min e posteriormente baixar a temperatura para 200ºC. durante uma hora, os pães de 500 gramas cozem durante 30-45min.




 


Retirar e já está!!!






Enquanto fica a saborear este delicioso pão, aproveite para ouvir esta linda música dedicada às mulheres ceifeiras. 



(vídeo toyvitoria)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Porquê tanta pressa?

Criei este blogue há relativamente pouco tempo, e confesso que estou agradavelmente surpresa pela adesão que tem tido. Reconheço que ele não é actualizado diariamente como gostaria. Mas, nem seria boa Alentejana se assim fosse. Pois tudo aquilo que eu aqui coloco tem de ser pensado, reflectido e principalmente sentido. E para isso é preciso algum tempo. Os Alentejanos têm fama de serem lentos. Mas eles não o são, pelo contrário, eles pensam é muito, e pensar leva o seu tempo. Já alguma vez tinha pensado nisso? Ser alentejano é ser poeta, é uma forma de levar a vida com certa filosofia. Quem não os conhece ao vê-los a trabalhar no Verão, devagar e com gestos mais demorados, pode pensar que até são preguiçosos. E são muitos os que gostam de gozar com a lentidão deste nobre povo. Vêem para aqui ditar sentenças e teorias. Para provarem que são valentes, põem-se a trabalhar com fervor e dinamismo. Mas em pleno estio, quando o calor aperta, com temperaturas perto do 40º à sombra, o corpo já não segue e não conseguem ir mais depressa. Têm de render-se à evidência e abrandar. Pois, foram atingidos pela mesma preguiça e moleza que criticaram nos Alentejanos.  Afinal, quem tem razão? Por isso, aqui no Alentejo, o tempo pergunta ao tempo, quanto tempo o tempo tem? E o tempo responde ao tempo, que o tempo tem o tempo que vossemecê quiser!


E, agora que os dias quentes chegaram, experimente a sensação de estar algures no Alentejo, sentado numa esplanada, ao fim de um longo dia de trabalho. Descontraia, e mande vir um delicioso pratinho de caracóis, com pão com manteiga e uma boa cervejinha fresca. Aproveite para tranquilizar o seu corpo com este vídeo.




(vídeo Delicioso Alentejo)

   

Bom enquanto o caracol não chega aqui, se calhar, é melhor levantar-se cedo, e ir apanhá-lo por esse campo fora,  o que não vai ser fácil pois, o  bicho é muito irrequieto.












Então aqui vai a receita deste delicioso petisco, que não sendo tipicamente alentejano, é seguramente um dos preferidos dos Alentejanos.


Caracóis com óregãos
 

Ingredientes
1litro de caracóis
3 a 4 dentes de alho
1 caldo de galinha
1 casca de limão
óregãos
Sal
1 malagueta
Água


Lavar bem os caracóis em várias águas.
Pôr os caracóis num tacho grande, cobri-los de água a temperatura ambiente e tapar o tacho.






Deixá-los assim perto de meia hora para que comecem a sair e fiquem com as antenas de fora.

Acender o fogão e deixar aquecer em lume brando. Quando levantar fervura, deitar o caldo de galinha, a casca de limão, os alhos, o sal, a malagueta. Deixar cozer cerca de 10 minutos. Quando apagar o fogão, deitar uma mão cheia de óregãos.





                                

Bom apetite!
E, não se esqueça: Porquê tanta pressa? Leve a vida com calma, pois como dizia o meu pai "Mais vale perder um minuto na vida, do que a vida num minuto".