domingo, 25 de março de 2012

Em busca das ervas aromáticas

Quer passar um dia diferente, divertido, fortificante e saudável, então inscreva-se já no próximo Delicioso Encontro Alentejano. 




A nossa proposta, desta vez, pretende levar os participantes numa caminhada no campo, em busca das ervas aromáticas, como o poejo, o rosmaninho, a hortelã da ribeira. Ervas que têm servido para condimentar os pratos mais emblemáticos alentejanos. 
Produtos 100% ecológicos, alguns até com propriedades curativas são utilizados tanto em culinária como na preparação de algumas mezinhas.


O encontro realiza-se : 
Dia: sábado, 7 de Abril.
Local: Aldeias das Alcarias (freguesia de Conceição-Concelho de Ourique)
Hora: 11 horas

Programa:
11h00 : Caminhada “Em busca das ervas aromáticas do Alentejo”
13h00: Almoço: Churrasco da Primavera

Entretanto, comece já a enfeitar a sua mesa para a Páscoa e delicie a sua família com este memorável folar.  


FOLAR ALENTEJANO


Ingredientes

65 g açúcar
2 ovos
100 g requeijão
Canela
65 g de gordura (um pouco de azeite, manteiga derretida e banha)
125 g farinha com fermento
Massa do pão:
         Para obter a massa do pão, necessita de:  
125 g de farinha T 65
Um pitada de sal
75 g de água morna

Se optar por fazer o fermento em casa
25 g de farinha,
água morna  
Um pouco de fermento de padeiro fresco

Veja no post anterior: "Ceifeira, linda ceifeira" como fazer a massa do pão. Parece difícil mas não é.



Depois de preparar a massa do pão, misture-lhe o açúcar, um ovo, o requeijão, a canela.  Acrescente a gordura e misture com a massa.

Deite pouco a pouco a farinha até a massa ficar consistente.
Retire um pedaço de massa, e faça duas tiras.
Modele a restante massa em forma de bolo. Coloque um ovo cru por cima com as tiras em cruz para segurar o ovo. Leve ao forno.




Na Páscoa a família costuma juntar-se à volta da mesa. Chegam os primos, as primas, os tios e as tias. Além do Verão, esta é outra altura do ano em que também alguns emigrantes aproveitam para vir a Portugal passar as festas com os seus familiares. Matam-se as saudades e apresentam-se os novos elementos da família. Às vezes, até nascem grandes paixões, como nesta estória contada pelo humorista bejense Serafim Jorge.
Divirtam-se. 





(Gravado por Florival Gonçalves). 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Primavera no Alentejo



Este domingo, o sol brilhava e as temperaturas continuavam amenas para a época. 
Aproveitei para ir dar um passeio. O acaso levou-me até  uma barragem. No ar, já cheirava a Primavera. Claro que sim. A primavera tem cheiro, a hortelã da ribeira, às mimosas e às estevas a serpentear pelas estradas e caminhos, ao poejo a brotar junto às margens das barragens, ao rosmaninho e alecrim.
Comecei a caminhar junto à água. Depois de uns momentos, parei, e sentei-me encostada a um sobreiro. Pus-me a olhar e a ouvir tudo melhor à minha volta. Apesar da seca que tem assolado o campo, as flores baloiçavam cadenciadamente ao vento. 















Uma águia voava no céu. 
Ao longe, ouvi o grasnar dos patos bravos e os achigãs a saltitarem do espelho da água da barragem, enquanto que por todo o lado as lagartas cavalgavam suavemente pelas plantas desafiando a lei da gravidade. 












De repente, uma lebre saiu disparatada da sua toca e fugiu pelo campo fora assustando um bando de perdizes que levantaram voo. 







Nesta aparente tranquilidade da planície alentejana descobri que a natureza na Primavera está mais viva do que nunca.
Nesse momento, comecei a prestar mais atenção e a contemplar a beleza de tudo o que me rodeava. É nestes pequenos momentos, quando deixamos de ver para começar a olhar, que nos sentimos mais próximos da Natureza. Olhar para o interior dos seres através dos nossos olhos, mas também da nossa cabeça e do nosso coração, afasta-nos do rebuliço da nossa vida agitada, tomamos conhecimento de que algo existe, e conseguimos sentir-nos pertencer a este mundo reencontrando-nos a nos próprios. 

Por isso mesmo, ao preservar a Natureza estamos a preservar-nos a nós próprios, pois não é a Natureza que precisa de nós mas sim nós que precisamos dela. 
Por isso, sempre que vier ao Alentejo, não se esqueça: pare, escute e olhe com atenção. A Natureza é simplesmente maravilhosa e tem poderosos poderes curativos.   

Não acredita? Quer uma prova? Então, venha daí descontrair um pouco.Convido-o a assistir a um belo espectáculo musical: Concerto de rãs, acompanhado pelo chilrar dos pássaros e o grasnar das galinhas de água doce, num fim de tarde à beira de uma barragem no Alentejo.



Durante estes pequenos minutos, não se sentiu melhor? Ora, cá está. 
E já que falei em coelho, continue a deliciar-se com esta saborosa receita que vem mesmo a calhar: 

COELHO COM NABOS

Ingredientes:  
1 coelho (se for bravo ainda é mais saboroso)
4 nabos cortados às rodelas
3 cebolas médias cortadas às rodelas
Vinho branco
Azeite
dentes de alho
3 folhas de louro
Salsa
2 piripiris
Pimenta preta
Sal q.b

De véspera, corte o coelho em pedaços, e coloque numa travessa, com vinho branco, vinagre, dentes de alho cortados, 2 folhas de louro, sal e pimenta. Misture bem. Deixe marinar de um dia para o outro ou algumas horas, mexendo uma ou duas vezes.





Num tacho pôr azeite, 4 dentes de alho, 1 folha de louro, e cobrir o fundo do tacho com uma camada de cebolas cortadas às rodelas. Por cima colocar uma camada de nabos cortados também às rodelas, seguida de uma camada de carne de coelho. E repetir as camadas, cebolas, nabos, coelho, acabando sempre com o nabo. Por cima de tudo, pôr a salsa, sal, deitar o vinho branco. Deixar cozer em lume brando. Quando o nabo estiver cozido, o coelho também estará (+/- 40 a 45 minutos). Se quiser pode acrescentar um pouco de alecrim à cozedura, mas se quiser que os alimentos conservem o seu verdadeiro sabor, então não acrescente nada. De qualquer forma, fica saboroso.


Et voilà!



Bom apetite! E viva a Primavera no Alentejo!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mulher Alentejana - Catarina Eufémia


           Chamava-se Catarina                                         
          O Alentejo a viu nascer
           Serranas viram-na em vida
          Baleizão a viu morrer

          Ceifeiras na manhã fria
          Flores na campa lhe vão pôr
          Ficou vermelha a campina
          Do sangue que então brotou

         Acalma o furor campina
         Que o teu pranto não findou
         Quem viu morrer Catarina
         Não perdoa a quem matou

         Aquela pomba tão branca
         Todos a querem p’ra si
         Ó Alentejo queimado
         Ninguém se lembra de ti

         Aquela andorinha negra
         Bate as asas p’ra voar
         O Alentejo esquecido
         Inda um dia hás-de-cantar



(Carregado por CachopaLinda)              


O poema “Cantar Alentejano” de Vicente Campinas, musicado magistralmente por José Afonso, evoca a tragédia que vitimou Catarina Eufémia. No dia 19 de Maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina foi morta por um GNR depois de ter ido reivindicar com as suas companheiras um aumento ao feitor da herdade onde trabalhavam. Catarina Eufémia passou a ser considerada como uma heroina e representada como um símbolo da luta anti-fascista em prol de uma sociedade mais justa, democrata e com mais igualdade entre todos.


Em vésperas de se comemorar o Dia Internacional da Mulher, não posso deixar de evocar a coragem e a determinação destas alentejanas, cujo único mal foi de ter tido a frontalidade de exigir um pouco de pão para dar de comer aos filhos.
As mulheres alentejanas, ao longo da história, sempre souberam lutar para defender a sua família e até o seu país. Recordo aqui a luta das ceifeiras, mas também das mulheres dos mineiros de Aljustrel ou de S. Domingos, que apesar dos perigos que corriam nunca se calaram para reclamar aquilo a que tinham direito. Além da miséria em que viviam, muitas ainda foram presas ou viram os seus maridos, irmãos ou filhos terem a mesma sorte. Outras tiveram de emigrar. Viviam numa sociedade que não lhes reconhecia direito nenhum. Os tempos passaram, mas as dificuldades e as discriminações por que passam as mulheres continuam a ser cada vez mais uma realidade.
Hoje, mais do que nunca o papel da mulher é imprescindível para o desenvolvimento da nossa sociedade. Por isso, dedico este poema a todas as mulheres e principalmente às alentejanas a viver em Portugal mas também a todas aquelas que estão espalhadas por esse mundo fora. Mas, quero aqui também deixar uma palavra aos homens, para que num futuro muito próximo nunca mais seja necessário comemorar este dia. Eles também têm um papel muito importante a desempenhar nesta procura de igualdade entre os géneros. Pois como dizia o cantor francês Jean Ferrat “A mulher é o futuro do homem”.

Uma simples curiosidade, sabiam que a mulher só conseguiu entrar no mundo da ciência, que desde sempre tem pertencido aos homens, através das suas habilidades na cozinha?
Segundo um estudo da investigadora brasileira, Ana Maria Alfonso-Goldfarb, foi pela sua capacidade em “atear e controlar o fogo para preparar os alimentos – considerada uma actividade difícil e propriamente feminina – que as mulheres ajudaram a desenvolver até meados da Idade Média uma série de produtos, como os primeiros destiladores, extractos, perfumes, medicamentos, pomadas e licores. Segundo esta professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo : “A cozinha era um espaço restrito para a maioria das mulheres. E foi entre a preparação de caldos e guisados que elas começaram a praticar o trabalho de laboratório desenvolvendo uma série de produtos que, posteriormente, passaram a ser utilizados por médicos e botânicos, na maioria das vezes se apropriando das descobertas femininas e não lhes atribuindo o devido crédito”.

Como quê, bem me parecia que “cozinhar era o melhor remédio”.
Pisar ervas num almofariz para fazer umas belas sopas, isto é que é a verdadeira ciência da cozinha alentejana.

E, que tal experimentar, simplesmente, bater o pão para obter umas belas migas? 

Vamos a isso?

MIGAS DE AZEITE COM CARAPAUS FRITOS

Ingredientes:
Pão duro
Alho
Azeite
Água morna
Carapaus
Farinha
Óleo

Uma ou 2 horas antes, limpe o peixe e deite umas pedrinhas de sal para tomar bem o gosto.

Numa terrina, corte o pão em pedaços pequenos. Aqueça água. Deite um pouco de água sobre o pão para amolecer.



Numa frigideira, ponha o óleo a aquecer. Quando estiver bem quente, deite o peixe passado previamente por farinha. Vire de vez em quando, e  retire para uma travessa forrada com papel absorvente.



Num tacho, frite os alhos cortados finamente no azeite. Quando o alho estiver lourinho, vá acrescentando pouco a pouco água quente para amolecer o pão. Deite um pouco de sal e bata o pão com uma colher de pau até começarem a formar uma bola. 

Sirva de imediato as migas acompanhadas com os carapaus fritos.






Um prato simples, barato e delicioso.
Bem haja a todos. 

domingo, 4 de março de 2012

O céu do Alentejo, água de malvas


Há pouco tempo um amigo de Lisboa me perguntava: “O que é que as pessoas fazem no Alentejo para se divertirem à noite”
Respondi-lhe que como a maioria vive perto do seu local de trabalho tem mais tempo para conviver com a família e os amigos.
- Mas vocês não têm cinema, nem teatros, nem centros comerciais, nem museus, nem estádios de futebol, nem discotecas famosas?”
- Pois, podemos não ter tanta escolha como em Lisboa, mas à nossa escala temos tudo isso. No Alentejo, também temos salas de cinema, excelentes restaurantes e cafés, lojas, discotecas, museus, salas de espectáculo e variadíssimos equipamentos desportivos. Mas além disso, temos uma coisa muito mais importante do que há em Lisboa: temos TEMPO para desfrutar de tudo isso. Aproveitamos e podemos apreciar melhor aquilo que nos rodeia. Damos mais valor às pequenas coisas da vida”.

Foi o que me aconteceu esta semana, quando ao regressar a casa depois da minha actividade desportiva, fiquei deslumbrada com o fenómeno astronómico que havia no céu. Vénus, deusa da beleza e do amor e Júpiter, deus dos deuses e o maior dos planetas, estavam alinhados com a Lua. Fiquei alguns minutos a apreciar o brilho dos astros no silêncio da noite. E podem acreditar que não há espectáculo mais bonito. Mas claro, isto talvez o meu amigo não consiga entender. Pois, ele tem os maiores cinemas e hipermercados, as grandes discotecas e museus para visitar. Mas, o cansaço das filas de trânsito para chegar a casa depois de um dia de trabalho stressante, a poluição e as luzes da cidade, jamais lhe permitirão contemplar a beleza de um céu estrelado como aquele que se vê no Alentejo. E muito dificilmente ele conseguirá alcançar o sentimento profundo de felicidade, bem-estar, plenitude e paz que transbordaram de mim enquanto observa as estrelas. Uma sensação que ultrapassa a capacidade emotiva de qualquer palavra e que me fez viajar pelo tempo e pelo espaço sentindo-me em completa harmonia com o Universo. Isto é viver no Alentejo! 

Não sei se convenci o meu amigo citadino, mas, que ele ficou a reflectir sobre isso, ficou, e principalmente sobre a questão da poluição nas grandes cidades e dos males que podem causar à saúde. 

Assim, lembrei-me de dar uma pequena ajuda a todos aqueles que não podem, não costumam, ou não conseguem olhar para o céu, nomeadamente por sofrerem dos olhos por causa das poeiras e das impurezas que há no ar. Para poderem ver melhor o céu e limpar os olhos das irritações e pequenas infecções, eis uma “mezinha” que a minha mãe e avó faziam para aliviar esse desconforto.   



ÁGUA DE MALVAS
Ingredientes:
Água 
2 a 3 folhas pequenas de malva



Corte e lave as folhas de malva.


Coloque num tacho com água. 


















Deixe ferver durante uns dois minutos. Retire do lume e deixe arrefecer. 


Quando a água estiver morna, embeba uma compressa e passe delicadamente nos olhos. 


Repita a operação algumas vezes. 







A malva é uma planta utilizada tanto na culinária como para fins terapêuticos, veja mais informações no blogue de Fernanda Botelho, especialista em plantas aromáticas e medicinais: http://www.portaldojardim.com/pdj/2009/01/21/conheca-as-malvas-suas-aliadas/

Cuide de sí e da sua saúde.  Carregue a sua mente com as bonitas imagens da sua vida, e refugie-se nelas nos momentos mais difíceis.