terça-feira, 20 de setembro de 2011

Canto das cigarras numa noite de Verão


O Verão está a chegar ao fim. Dentro de poucos dias estaremos no Outono mas as temperaturas continuam a rondar os 30.º graus.
Curiosamente, já começo a sentir saudade das noites quentes, quando está tanto calor que nem em casa se consegue ficar. Uns vão dar um passeio, ou sentam-se nas esplanadas dos cafés, e outros ainda, como antigamente, aproveitam a aragem da noite para frente à sua porta, sentados numa cadeirinha, juntarem-se com os vizinhos a conversar de tudo ou de nada.

Lembro-me quando mais nova me punha com os meus primos no poial da porta e ali passávamos horas a contar anedotas ou a cantar, ou simplesmente a observar as constelações no céu estrelado. Acompanhados pelo canto dos grilos e das cigarras, assim passávamos os serões, todos juntos, ao fresco, num agradável e salutar convívio que fortalecia os laços de amizade e familiares.
Por isso hoje, aqui deixo um pequeno vídeo, filmado numa dessas noites maravilhosas de fim de Verão, ao sol-posto, com o canto das cigarras em pano de fundo.
Abra o ecrã do seu computador no máximo. Ligue o som e mantenha-se na obscuridade. Sente-se confortavelmente, e imagine que está no campo.
A noite está quente, mas uma pequena brisa refresca o seu corpo. No ar, paira um delicioso cheiro a poejo e rosmaninho.   
Ao longe, oiça o canto das cigarras que se intensifica e aproxima. Durante uns minutos, deixe fluir os seus pensamentos. Relaxe. Esqueça aborrecimentos e preocupações. Desfrute deste momento que é só seu!







Gostou?

Diga-lá se viver no Alentejo não é uma delícia?
Mas delícia, delícia eram as argolas que a minha mãe e avó faziam. 
Quer aprender? É fácil e muito simples. Aqui vai a receita. 

ARGOLAS DE AÇÚCAR E CANELA

Ingredientes
- 3 colheres de sopa de açúcar
- 3 
colheres de sopa de azeite
- 2 ovos
- 1 pitada de sal
- 1 pouco de aguardente
- Farinha q.b.
- canela

Elas batiam o açúcar com os ovos. Passavam o azeite numa frigideira ao lume para tomar um pouco de calor, deitar na frigideira uma côdea de pão para retirar o ácido do azeite. Depois, juntavam a massa do açúcar e dos ovos com o azeite (sem o pão),  uma pitada de sal, a aguardente e acrescentavam a farinha pouco a pouco até obter uma massa consistente. Com as mãos faziam pequenos rolos, não muito espessos. Juntavam as pontas em forma de argola.
Levavam a fritar em óleo bem quente. Depois de fritas colocavam as argolas num papel absorvente para retirar o óleo em excesso. E depois, passavam por açúcar e canela.



Estas argolas são uma maravilha para acompanhar o chá à hora do lanche, e não só!
Bom proveito. 

domingo, 11 de setembro de 2011

7 Maravilhas da Gastronomia

Ontem decorreu a entrega dos prémios das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal.
Alheira de Mirandela, Queijo Serra da Estrela, Caldo Verde, Arroz de Marisco, Sardinha Assada, Leitão da Bairrada e Pastel de Belém foram os pratos regionais galardoados. Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o resultado. A nossa Açorda merecia ganhar. Existe algum prato que reflecte mais o carácter, a simplicidade e a capacidade de desenrasque do povo português de que a Açorda? Simples e genuína. Com um pouco de água, pão, azeite e umas ervas e eis que se faz um dos pratos mais saborosos. Enfim, também é verdade que comparado com o norte do pais o Alentejo tem muito menos habitantes, por isso dificilmente conseguiria ter o mesmo peso na votação. Mas isto tudo não passa de um concurso. Quer seja do Norte ou do Sul e até das ilhas, toda a gastronomia portuguesa é saborosa e maravilhosa e está de parabéns. Se bem que para mim, a Alentejana pode não ser a mais “bonita” mas é com certeza aquela que nos consegue alegrar mais. Qual é o local onde com um simples marmelo e um copo de vinho o povo se põe a cantar?
Se todos defendermos aquilo que é nosso e soubermos enaltecer os nossos produtos, certamente que teremos um país melhor. Por que será que Portugal é cada vez mais procurado pelos estrangeiros? E que o Alentejo foi a região que mais tem crescido em termos turísticos? Pelos nossos monumentos, o nosso clima, a hospitalidade do nosso povo, mas também pela nossa gastronomia e excelentes vinhos. Está na altura de acreditarmos mais em nós e de defender aquilo que é nosso. Deixemo-nos desses “produtos da globalização, que só fazem mal à saúde, e viremo-nos para os nossos bons pratos regionais, senão qualquer dia teremos todos os olhos em bico.
E que maravilhas teremos nós depois para eleger? O que nos distinguirá dos outros?
Como diria o sociólogo Orlando Pereira, o Alentejo “uma terra com tanta beleza, sabores, cheiros, cores e sentimentos, não pode ser abandonada”.

Mas isto não passou de um concurso. Concurso por concurso, criei o passatempo que proponho a seguir. Espero que goste.
Tente encontrar no quadro seguinte (vertical, horizontal e diagonalmente) as PALAVRAS e INGREDIENTES (sublinhados na receita abaixo), necessários para a confecção do ensopado de borrego, que para mim é outro dos pratos alentejanos digno de ter figurado na lista dos premiados. Então vamos a isso. Divirta-se e delicie-se com esta receita. O resultado será publicado dentro em breve.


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ENSOPADO DE BORREGO
Ingredientes:
Para 4 pessoas
1kg de carne de borreguinho (costeletas e sela)
0,5 kg de pão duro
1 colher de sopa de farinha
1 copo de vinho branco 
100 g de banha de porco
1 dl de azeite
2 a 3 dentes de alho
Pimenta em grão;
meia colher de sobremesa de colorau doce
1 folha de louro
1 ponta de malagueta
Água 
sal
2 ou 3 batatas cortadas
Hortelã

Depois de cortar o borrego em bocados, passá-lo pela farinha. Retirar 2 colheres de sopa de banha e aquecer a restante num tacho de barro. Colocar a carne no tacho e deixar alourar.
Noutro tacho de barro fazer o refogado com a restante banha, juntando os dentes de alho cortados, o louro e a pimenta em grão, a malagueta, o colorau. Introduzir depois a carne e temperar com sal e um pouco de pimenta. Acrescentar o vinho branco, tapar e deixar cozer em lume brando. Se começar a ficar seco, juntar um pouco de água e mexer para não pegar no tacho.   
Um pouco antes de ir para a mesa, acrescentar a água a ferver necessária para as sopas, até cobrir a carne. A minha mãe costumava acrescentar batatas cortadas aos quadrados pequenos, que deixava cozer. Depois da batata cozida, acrescentava mais um pouco de vinho branco e deixava apurar.
Depois deitava o caldo do ensopado nos pratos por cima de pão torrado e hortelã.   
Mas há quem não coloque nem batata nem pão torrado, e que depois de cortar o pão duro em fatias o ponha numa travessa funda e lhe deite o caldo do ensopado em cima, depois dos temperos rectificados.






Et voilà, "A que sabe o Alentejo"



E agora, vem mesmo a calhar este "Ensopado de Borrego" cantado pelo Grupo Banza no Programa da Manhã da RTP.






Bom apetite!