quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O fim do mundo e a origem da Terra no Alentejo

Muito se tem especulado estes últimos tempos sobre o dia 21 de dezembro e o fim do mundo. Gosto de me ficar pela explicação, que afinal, este dia corresponde ao fim do ciclo baktún 13, ou seja ao fim de um ciclo de 5.126 anos registrados no calendário maia, e que marca o início de uma Nova Era. 
Uma era em que tudo na Terra será diferente, em que os humanos irão sofrer uma transformação espiritual, com mudanças profundas a nível pessoal, familiar e comunitário que os irão conduzir a uma verdadeira harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e a natureza.
Para o 21 de dezembro, já só falta pouco mais de 1 dia, mas também 9 para o fim do ano 2012. Eu sinto-me tranquila, pois vivo no Alentejo, onde afinal, e segundo alguns cientistas a vida terá tido início.
Tudo terá acontecido na bonita e pacata vila de Cabeço de Vide (Concelho de Fronteira), conhecida pelas suas termas de águas sulfúreas. Há milhares de anos atrás, um meteorito vindo de Marte terá caído neste lugar, trazendo com ele microrganismos que depois evoluíram para espécies mais desenvolvidas.
Será por isso que a água das nascentes de Cabeço de Vide é sulfúrica e diferente de todas as outras? Com um PH de 11,5, é única na Europa, e só existe igual numas montanhas americanas e …. em Marte. Esta água é ideal para curar doenças do foro reumatológico, respiratório e dermatológico.  
E foi nesta água que foi descoberta uma bactéria vinda de Marte que terá dado início ao processo de desenvolvimento da vida no planeta Terra.
Já nesse tempo, a bactéria soube escolher o melhor local do mundo para se desenvolver. Podia ter escolhido um local do continente asiático ou americano, tão donos do mundo, mas não, foi mesmo em Portugal, e ainda por cima no Alentejo. Em Cabeço de Vide. Vejam só, estas fotografias de Cabeço de Vide, e digam lá se não é um lugar encantador e digno de uma bactéria se desenvolver em paz e tranquilidade. Alguma razão isto deve de ter tido.



Por isso, se o fim do mundo acabar, já sei que as forças do Universo irão juntar-se para que a vida volte a nascer no Alentejo. Os Alentejanos arregaçarão novamente as mangas e lutarão como sempre o têm feito para criar um novo mundo onde as palavras amizade, solidariedade, fraternidade, amor pelo próximo, tão comuns a este povo, irão reinar.
Um mundo melhor feito à maneira dos Alentejanos. Sem pressas, com o olhar atento aos mais próximos, verdadeiro e genuíno, respeitador da natureza, de tudo e de todos.
Talvez seja por esta força interior e esta comunhão com as leis da natureza, que eles são tão gozados e temidos? Será que a sua força e maneira de ser tão “humanas” assusta? Deixo aqui esta reflexão.
Mas enquanto, o fim do mundo vem e, não vem, ainda têm umas quantas horas para preparar um delicioso doce, que se costuma fazer nesta época festiva. Nunca se sabe, se o mundo acabar, mais vale ir com a barriga cheia e a boca doce.

NÓGADOS
Ingredientes
300 g Farinha
3 Ovos
200 g Açúcar
0.5 dl Azeite
1 Cálice de Aguardente
Mel
Sal e azeite q.b.

Misture os ovos, a aguardente, o azeite e sal. Bata até ficar em pasta. Acrescente a farinha e amasse. Depois da massa repousar cerca de 10 minutos, retire em pequenas quantidades e faça rolinhos compridos e finos. Deixar repousar num pano e corte-os em pequenos cubos.
Aqueça o azeite, quando estiver quente frite os pedaços de massa. Retire e deixe-os escorrer em papel de cozinha para absorver a gordura.
Entretanto, num tacho aqueça o mel juntamente com o açúcar e deixe  engrossar.
Deite os cubos de massa no mel. Retire com uma colher e coloque numa bandeja, ou como se costuma fazer mais frequentemente em folhas de laranjeira.
Sugestão: Pode aproveitar o resto da massa das filhoses, pôr no forno e envolver em mel, com o mesmo processo.



Desejo a todos um Natal o mais feliz possível, especialmente para todos aqueles e aquelas que, neste momento de crise, estão a passar por grandes dificuldades.
Oxalá os Maias tenham razão, e que uma Nova Era mais solidária esteja a chegar. Para o bem da humanidade!!!!!!

Deixo-vos com este Poema do Menino Jesus, de Fernando Pessoa, recitado com tanta emoção por Maria Bethânia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Todos os caminhos levam à romã

Com o Outono chegam aos escaparates das lojas e mercados variadíssimas frutas características desta época. A romã é uma das frutas que se distingue pela sua cor vermelha. Se muitos não gostam dela, por ser difícil de descascar, e devido às grainhas das suas bagas, outros pelo contrário adoram-na. 



Fruta excelente e, cada vez mais procurada, a romã é extremamente benéfica. Utilizada na cosmética, na gastronomia e na saúde, ela é um poderoso anti-oxidante, e contribui para o não envelhecimento das células. 

Comer esta fruta tão deliciosa, cujo nome lido ao contrário significa “AMOR”, é como oferecer verdadeiros diamantes de saúde ao nosso corpo.
Ao comer romã não estamos só a saborear o seu doce, mas também a levar amor e saúde a nos próprios.
Por isso, não hesite, coma romã. Beba em sumo, sirva como acompanhamento de carnes, ou então faça uma simples sobremesa. Os seus convidados e família não só apreciarão os seus pratos como serão agradecidos pelos benefícios que deles retirarem. E já agora, para quem estiver interessado em saber: a romã é também considerada um "Viagra" natural. Por isso, use e abuse, mas nada de exageros, pois isso pode prejudicar o coração....

SOBREMESA DE ROMÃ
Ingredientes: 
Romãs
Açúcar
Vinho do Porto

Descasque as romãs. Coloque as bagas numa taça, misture com açúcar e acrescente um pouco de Vinho do Porto. Sirva bem fresco. Et voilà! Simples. 




E agora, vamos colher uma romã, com Luís Represas

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A magia do Alentejo

Há sítios e lugares por onde passamos na nossa vida que ficam para sempre gravados na retina dos nossos olhos, e no mais profundo do nosso coração. Essa visão acompanha-nos sempre. Podemos estar muito tempo sem que ela nos apareça, mas de repente basta uma imagem, um cheiro, uma palavra ou uma emoção e cá está ela outra vez a recordar-nos aquele momento de felicidade.  

O Alentejo está repleto de lugares encantadores que ficam na memória de todos aqueles que por aqui passam. Imagino, que esteja a pensar nas suas deslumbrantes paisagens ou na sua costa e maravilhosas praias. Tem razão, mas hoje quero referir-me a algo mais pequeno. Àqueles cantos e recantos que nos prendem o olhar e nos provocam deliciosas sensações, como a doçura da água a correr de uma fonte .........
...ou o cheiro reconfortante do lume a sair de uma chaminé numa noite de Inverno...

......Ou ainda o piar dos pássaros no campo, uma casa típica, uma janela, gatinhos numa porta.


Tudo isto são pequenos momentos de felicidade. Nesta altura em que “crise” é a palavra que mais se pronuncia, em que paira no ar muita instabilidade e inquietação, é bom ter algo onde nos agarrar, onde nos refugiar quando tudo à nossa volta parece desmoronar-se. Por isso, sugiro que faça este exercício. Feche os olhos e imagine-se num local onde já foi feliz. Um lugar só seu, onde sempre que necessitar possa regressar em pensamento e ali sentir-se em paz e em completa tranquilidade.
Se ainda não encontrou esse lugar, então, venha comigo até esta pequena praça, no meio de uma aldeia no coração do Alentejo. Aqui tudo é calmo e sereno. Sente-se no banco do jardim, oiça com atenção o cantar dos pássaros e deixe-se surpreender a cada instante. Este lugar é mágico, e jamais irá esquecê-lo!    



Ainda, suspira por mais momentos de doçura? Que a sua vontade seja feita. Estes suspiros são para si.

SUSPIROS

Ingredientes
6 claras de ovos
18 colh. sopa de açúcar
Raspas de limão (facultativo)

Bata as claras em castelo. Logo que comecem a subir, e sempre com a batedeira ligada, adicione pouco a pouco o açúcar e as raspas de limão. Continue a bater até ficarem bem duras.
Entretanto, forre um tabuleiro com papel vegetal. Faça montinhos de claras com a ajuda de um saco pasteleiro ou de uma colher, sempre afastados uns dos outros pois durante a cozedura vão crescer um pouco.
Leve ao forno brando até ficarem bem cozidos. Os suspiros não podem corar muito. Durante a cozedura, não abra a porta do forno. 


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ainda há estrelas no céu....

Quando era mais nova, adorava olhar para o céu estrelado. Tinha um enorme prazer em tentar reconhecer o nome das constelações. A Ursa Maior e a Ursa Menor eram as mais fáceis de identificar, e também a Estrela Polar. Mas aquilo que eu mais gostava era ver passar as estrelas cadentes. E, em Agosto era frequente vê-las rasgar o céu. Dizia-se que logo a seguir se pedíssemos um desejo, ele realizar-se-ia. E, eu naquela altura, com toda a minha vida pela frente, o que não me faltavam eram desejos para realizar. Assim passava horas, à noite, a olhar para as estrelas. Quando sai do Alentejo, nunca mais encontrei um céu estrelado como aqui, nem mais vi estrelas cadentes.
Por isso, fiquei muito contente quando recentemente soube que o céu do Alentejo, e mais precisamente do Alqueva, com características únicas, foi considerado uma Reserva Dark Sky. Este foi o primeiro destino do mundo a obter, em Dezembro de 2011, a certificação "Starlight Tourism Destination", atribuída pela Fundação Starlight, órgão executivo da UNESCO, Organização Mundial do Turismo (UNWTO) e IAC. Esta certificação atesta a qualidade do céu e também a qualidade do destino através dos serviços turísticos integrados na Rota Dark Sky Alqueva, cujo objectivo visa “criar um destino onde o motivo de atractividade seja a fruição de um céu estrelado livre de poluição luminosa que permita oferecer ao turista actividades nocturnas" 
(http://darkskyalqueva.com/por/gallery/album/dark-sky-alqueva

Pois já sabe, se um dia for ao Alqueva, aproveite para observar as estrelas, e peça todos os desejos que entender. Se acreditar com muita força, certamente que algum se há de realizar. 
Senão tiver essa sorte, então leia o livro "Astrofotografia - Imagens à luz das estrelas" do astrofotógrafo Miguel Claro, editado recentemente, com o apoio da Reserva Dark Sky Alqueva e da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz.
Miguel Claro, astrofotógrafo e astrónomo amador dedica este livro à contemplação e à fotografia do céu", As fotografias deste amante do céu já foram distinguidas pela NASA como EPOD - Earth Science Picture of the Day e APOD - Astronomy Picture of the Day. Veja aqui o vídeo de promoção do livro, publicado pela editora Centro Atlântico. 




Foi provavelmente este espectáculo tão maravilhoso e divino, que  inspirou as freiras a criarem o doce conventual, Toucinho do Céu.


TOUCINHO DO CÉU


Ingredientes
10 gemas de ovo
2 ovos inteiros
300 g miolo de amêndoa
500 g de açúcar
2,5 dl de água
1 colh.de sopa de farinha
2 colh. de manteiga
Açúcar em pó q.b.


Se não tiver miolo de amêndoa já pelada e moída, então, escalde as amêndoas e escorra-as. Tire-lhes a pele e moía o miolo. Depois, ferva o açúcar num tacho com água até obter um ponto de pérola. Acrescente o miolo de amêndoa e deixe ferver um pouco. Entretanto bata as gemas com os dois ovos inteiros. Retire a amêndoa do lume, e adicione-lhe os ovos batidos, a farinha, a manteiga, e leve a engrossar. Para não pegar convém mexer sempre. Coloque o preparado numa forma baixa, forrada previamente com papel vegetal, untado de manteiga e polvilhado com farinha. Leve ao forno (pré-aquecido). Quando estiver quase arrefecido, desenforme e polvilhe com açúcar em pó.  

Vá lá, deixe-se cair em tentação, aceite uma fatia.... ou duas.....









  

terça-feira, 31 de julho de 2012

Navegadores alentejanos


Dizem que a maneira de pensar de um povo é influenciada pelo meio onde vive e pela geografia. Se no Norte do país, mais montanhoso, as pessoas costumam ser mais conservadoras e mais extrovertidas, no Alentejo, terra de vasta planície e de mar imenso, onde o horizonte não tem fim, as pessoas são mais abertas, mas também mais pensativas. Como se a imensidão das paisagens sem praticamente nenhum limite que o céu, as obrigasse a parar para pensar mais sobre elas e o mundo.





Talvez seja aqui uma das razões que fizeram dos Alentejanos grandes navegadores, como foi o caso de Vasco da Gama, nascido em Sines, feito mais tarde vice-rei da Índia e conde da Vidigueira. 




E, até Cristóvão Colombo que segundo novas teorias, seria oriundo da pacata vila alentejana, Cuba, razão pela qual teria dado esse nome à maior ilha que descobriu no mar das Antilhas. Curiosos e sequiosos de novos conhecimentos partiram sem temerem o perigo.  
Ao longo dos séculos, quantos mundos deram os Alentejanos ao mundo? Com quantos povos se cruzaram, criaram amizades ou até constituíram família? Em quantos lugares levaram um pouco da sua terra e da sua cultura influenciando quiçá os modos de vida de outros povos? E, no entanto, apesar dessa grandeza que trouxe para Portugal, o Alentejo sempre foi olhado, erradamente, como o parente pobre deste país. Isto dá que pensar, não dá? Por isso, agora que o mês de Agosto está a bater à porta, por que não aproveitar para partir à descoberta dos tesouros que esta terra tão bela e tão genuína tem para oferecer aos seus visitantes?

Às vezes é necessário sair um pouco do nosso quotidiano, afastar-nos do nosso dia-a-dia para reflectir sobre a vida e tudo aquilo que nos rodeia. Só assim podemos ver o caminho que percorremos, o que ultrapassamos e o que podemos alcançar. Por isso, se está farto de estar em casa, e que está a precisar de mudar de ar, nestes dias de descanso, faça-se à estrada ou ao mar, como os navegadores ou os pescadores portugueses.
E para falar em pescador deixo aqui uma receita que costuma ser cozinhada pelos pescadores da Costa Alentejana que melhor que ninguém sabem realçar o sabor do peixe.  Simplemente delicioso!


RAIA À PESCADOR
Ingredientes:

1 raia
Batatas
1 folha louro
Óleo
Azeite
Alhos
Polpa de tomate
Pimenta
Vinagre
Sal


Amanhar e tirar a pele à raia e reservar. Cortar batatas às rodelas e pôr a cozer com água e sal. Quando quase cozidas, colocar a raia.
Numa frigideira fritar alho cortado às tiras em metade de óleo e metade de azeite, juntamente com uma folha de louro.
Quando os alhos estiverem dourados acrescentar um pouco de polpa de tomate (para dar cor), e pimenta. Deixar cozer um pouco e regar com um pouco e vinagre.
Escorrer a água das batatas e da raia e colocar o molho dentro do tacho, tapar e deixar respirar.


Viram, como é simples. Não se esqueçam de acompanhar com um bom vinho branco alentejano, bem fresquinho. 

E como não há Verão, sem melancia, que tal uma dentada nesta sobremesa? 



Bom apetite e principalmente boas férias a todos! 


E, agora deixem-se levar pelo Vitorino, com o seu "Vou-me embora, vou partir" do álbum Alentejanas e Amorosas, percorram com ele, terras e oceanos. 


(vídeo de generalsemedo)


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Santos populares e sardinhas assadas

Afinal, a beldroega não acertou nos resultados do campeonato de futebol e sempre vamos ter que comê-la mais cedo. Adeus Euro 2012, até para a próxima. Mas a vida continua e hoje é Dia de S. Pedro, aproveitemos o que ainda resta do dia  e da noite para festejar o último dos santos populares. Pois, como diz a canção:
"Santo António já se acabou,
O São Pedro está-se a acabar
São João, São João
Dá cá um balão para eu brincar".

Um pouco por todo o lado, Portugal festeja conforme manda a tradição. Enfeitam-se as ruas de cores. Desfilam as marchas populares e sobretudo baila-se muito à volta ou não do mastro. No ar paira o aroma dos manjericos e da sardinha assada.









O mês de Junho está a terminar e muito se fala do Santo António e do S.João que se celebram respectivamente a 13 e a 24, mas o S. Pedro?

S. Pedro é um dos santos mais antigos da religião católica, e primeiro dos Apóstolos de Jesus.
O seu verdadeiro nome era Simão, o Pescador, mas foi baptizado “Pedro” por Jesus, nome significando pedra, porque seria ele a "pedra sobre a qual se iria construir a igreja cristã.  
S. Pedro é o guardião das portas do céu, por isso é representado com um molho de chaves na mão. Mas, ele é também responsabilizado pela falta ou abundância de chuva, e pelo estado do tempo. Além de Santo António e São João, também S. Pedro é casamenteiro. Ele é o santo que ajuda os padeiros, os homens dos talhos, os construtores de pontes e de barcos, os sapateiros, as pessoas com dores nos pés, com febres.
Este é também o santo que protege os pescadores, e que se invoca quando há tempestade no mar.
Por isso, o que importa é que ele esteja bem-humorado, e que ajude os nossos pescadores a trazerem as traineiras com sardinhas bem gordinhas e sumarentas.  Pois, o Verão chegou e já cheira a férias. Os dias são mais longos e a disposição é maior para o convívio e para os almoços e petiscos partilhados entre amigos. 
Não sei o que pensam, mas para mim, um Verão sem sardinhas assadas é como um jardim sem flores. Então, venham elas.
 SARDINHAS ASSADAS
Ingredientes
Sardinhas
Batatas
Tomates
Pepino
Pimento verde
Alface
Sal
Azeite
Vinagre
Cebola
Óregãos

Lave e tire as escamas às sardinhas sem as amanhar. Deite umas pedrinhas de sal e asse num fogareiro. Entretanto coza umas batatas com casca.
Logo que as sardinhas estiverem assadas, sirva de imediato, com uma salada de tomate, pepino, alface, cebola  e pimentos assados. Temperar tudo com azeite, vinagre, sal e óregãos.
No Alentejo costuma-se pôr a sardinha sobre o pão, que no final se come impregnado do suco que absorveu da sardinha. Uma maravilha!


Se lhe sobrar comida, não deite fora. Corte as batatas, o peixe, o tomate, o pepino, o pimento, tudo em pedaços pequenos. Ponha numa travessa, volte a rectificar os temperos com azeite e vinagre. Deite umas folhas de coentros e misture tudo. Sirva como petisco.
Bom apetite e viva o verão!




sábado, 9 de junho de 2012

Beldroegas e o Euro 2012


O Alentejo é rico em ervas aromáticas, e não há como os alentejanos para fazer uso delas, principalmente na culinária. Com um pouco de água, azeite, alhos, pão e ervas aromáticas fazem umas deliciosas sopas.


Mas o campo está cheio de outras plantas que bem cozinhadas abrem o apetite a qualquer um. Com a chegada do Verão, começa a ser altura das beldroegas crescerem espontaneamente um pouco por todo o lado e de aparecerem nos escaparates de lojas e mercados.  
Um estudo levado a cabo por investigadores portugueses veio demonstrar que a beldroega é muito benéfica para a nossa saúde. A beldroega cresce principalmente no sul do país, e é das plantas mais ricas em Ómega 3. Quando consumida regularmente em sopas, chás ou saladas, ajuda a prevenir doenças como o colesterol e a diabetes, e é excelente para combater o envelhecimento da pele e o acne.
Esta erva, geralmente vista como infestante e desprezada por muitos, está a conquistar novos admiradores, pois em tempo de crise, há que saber tirar partido daquilo que a natureza nos oferece principalmente quando não custa nada, e que pode resultar numa saborosa e saudável refeição. 
E, agora, que começou o Euro 2012, sabiam que lhe foi encontrada outra particularidade? É que depois do polvo alemão, do porco ucraniano e do elefante polaco, eis que chegou a beldroega alentejana para adivinhar jogos de futebol, conforme explicou o humorista Ricardo Araújo Pereira, na Rádio Comercial, na sua Mixórdia de Temáticas. Será que vai conseguir adivinhar a vitória de Portugal?


Pelo sim, pelo não, o melhor é aguardar o final do campeonato, mas depois… caso a beldroega não adivinhar a vitória, vinguem-se e preparem umas belas sopas. Existem várias formas de preparar as beldroegas, deixo-vos aqui a receita que a minha mãe fazia tão bem.


SOPA DE BELDROEGAS 

Ingredientes:
1 molho de beldroegas 
Pão alentejano duro
0,5 dl de azeite 
1 queijo de ovelha branco duro
1 cabeça de alhos
1 cebola média picada
2 ou 3 batatas médias
Ovos consoante nº de pessoas
Sal q.b.
1 folha de louro
Pimenta preta q.b.
Vinagre q.b
Coentros

Alourar a cebola picada e o alho no azeite juntamente com a folha de louro. Depois da cebola translúcida, adicionar as folhas de beldroegas lavadas. Deixar refogar. Juntar o queijo, as batatas cortadas às rodelas e água suficiente para cozer. Temperar com sal, e um pouco de pimenta preta. Entretanto, cortar o pão às fatias pequenas. Depois de tudo cozido, escalfar os ovos.
Numa travessa deitar, de imediato, o caldo com as beldroegas sobre o pão, deixando os ovos e o queijo por cima. Pode-se acrescentar um pouco de vinagre e decorar com coentros.


Aqui estão elas, a quererem saltar para o vosso prato. Bom apetite. 


domingo, 27 de maio de 2012

Árvores do Alentejo

Ia eu a passear por uma estrada do Alentejo, quando de repente vi na berma uma árvore. Nada de extraordinário até aqui, se não fosse que essa árvore tinha uma pernada cortada, e no lugar do corte estava um coração vermelho como que a sangrar. Ali estava ela, com o coração partido, expondo ao mundo a sua dor, e a chamar a atenção de quem passasse.   
Ao ver aquele coração tão perfeitinho, não pude deixar de pensar que, no Alentejo, até  as árvores têm sentimentos. 



E, veio-me à cabeça este belo poema de Florbela Espanca:

Árvores do Alentejo
{A mensageira das violetas, Poemas }

Horas mortas… Curvada aos pés do monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota d´água!

 E agora, peguem na letra do poema e cantem com a Teresa Silva Carvalho : 





E, não só uma gota mas muito mais vão ser necessárias para confeccionar o prato que a seguir lhe apresento, cuja cor me fez lembrar o vermelho do coração da árvore. 

SOPA DE TOMATE COM OVOS

Ingredientes

Pão duro de véspera
1 kg tomate maduro
3 dentes de alho
2 cebolas médias
1,5 dl azeite
1 ramo de cheiros (salsa, hortelã, óregãos)
1folha de louro
½ pimento verde
Ovos (um por pessoa)
Sal q.b

Pelar o tomate, cortá-lo em pedaços pequenos e reservar.
Num tacho, deitar o azeite, a cebola cortada e o alho picado. Quando a cebola estiver translúcida, acrescentar o tomate, o louro, o pimento, o ramo de cheiros. Temperar com sal, juntar a água e deixar cozinhar. Escalfar os ovos. Entretanto cortar o pão em fatias finas e colocar numa travessa. Deitar o preparado sobre o pão. Se preferir pode triturar o caldo. 
Acompanhar com linguiça ou toucinho fritos, ou mesmo sardinhas fritas, ou com azeitonas. Em casa da minha mãe, costumávamos acompanhar também com uvas. É uma delícia!!


terça-feira, 15 de maio de 2012

Passear junto ao mar e turismo da natureza no Litoral Alentejano


O calor até que enfim está de regresso, e no ar já cheira a Verão. Muitos provavelmente foram dar um passeio até à praia, como que a antecipar o merecido descanso das férias. As praias alentejanas, cada vez mais apreciadas e procuradas, são sempre uma boa opção. 






Mas se é daqueles que prefere a actividade ao ar livre e o turismo de natureza, então aproveite pois, desde esta última sexta-feira, ficou disponível ao público um percurso pedestre entre Santiago do Cacém e norte de Odeceixe.
A “Rota Vicentina” terá 340 quilómetros e ligará Santiago do Cacém ao Cabo de São Vicente, mas por enquanto ainda só estão concluídos 200 quilómetros
Este projecto, na linha da frente a nível do sul da Europa, pretende colocar a região no mapa internacional dos destinos de turismo da natureza. Os turistas vão poder escolher dois caminhos: um designado de "histórico", feito mais pelo interior e que passa por várias localidades, e outro que aproveita trilhos pedonais de pescadores.
A "Rota Vicentina" pode ser descarregada no sítio www.rotavicentina.com onde consta o mapa de todas as etapas e coordenadas GPS, embora seja possível realizar as caminhadas sem recurso a esta tecnologia.
Por tanto, se gosta de desafios, atreva-se a ir até à costa alentejana. E já agora, aprecie a paisagem deslumbrante, a gastronomia, a arquitectura e principalmente deixe-se viver no meio desta natureza selvagem e persitente.
Certamente que ficará rendido à beleza de uma das mais belas e bem preservadas zonas costeiras do Sul da Europa. Esta é mais uma razão para votar numa das 4 praias alentejanas finalistas na eleição das 7 Maravilhas-Praias de Portugal, cuja votação arrancou no dia 6 de maio.
O Alentejo é a região mais representada com um total de quatro praias nomeadas: a praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes) nomeada para "Praias de Rio", as praias da Zambujeira do Mar e de Tróia-Mar (Grândola) nomeadas na categoria "Praias Urbanas", e a praia do Carvalhal (Grândola) na categoria "Praias de Dunas".
Quem quiser pode votar até 7 de Setembro de 2012 no site oficial (www.setemaravilhas.pt), no Facebook (www.facebook.com/7maravilhas) ou por chamada telefónica. Será eleita uma praia por cada uma das sete categorias definidas pela organização. A 8 de Setembro, serão conhecidos os vencedores.

Entretanto, aproveite para ver os posts referentes à costa alentejana publicados neste blogue. E,como nunca é demais, deixo-o novamente com os pézinhos na areia a olhar para as ondas do mar. 





Bom mas o ar do mar dá fome, e se há uma região onde se come particularmente bem é no Litoral Alentejano. Sabia que o peixe português é considerado pelos chefes dos melhores restaurantes do mundo como o mais saboroso? Por isso, não hesite, opte por um prato de peixe, mas se for hora de lanche então que venham os petiscos. O que diz a um pratinho de percebes? 


                                            PERCEBES COZIDOS

1Kg de percebes
1 litro de água
Sal





Eu gosto particularmente da comida quando os seus ingredientes sabem àquilo que são. Por isso, para mim, o marisco tem de saber a mar. 
Assim, é muito fácil preparar os percebes. 


Basta colocá-los dois minutos em lume forte, dentro de um tacho com água a ferver (previamente salgada, não muito pois os percebes já são salgados). 


Pode também cozer os percebes em água do mar. Depois de cozidos, retire a água e aguarde um pouco. 


Se gostar deles mais frescos então coloque uma pedras de gelo depois de retirar a água. 


Depois disto, só falta acompanhar com pão torrado com manteiga e uma cerveja ou um vinho branco bem fresco.











quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mande a tristeza "às favas"


No próximo dia 4 de Maio, este blog festejará UM ANO. 366 dias e já com perto de 11000 visualizações. Obrigado a todos os que me têm seguido ao longo destes meses, quer estejam em Portugal ou espalhados por este mundo fora, como os amigos de França, Alemanha, Brasil, Canadá, Estados Unidos, ou mesmo da Rússia, China, Malásia ou África do Sul e Angola, sem falar de todos os outros países pois a lista é muito longa.







O Alentejo marca as pessoas de tal forma que mesmo longe, não se esquecem e não deixam de sentir uma enorme saudade pela sua terra. Por isso, espero que todos que por aqui navegam possam encontrar neste blog, o que encontrariam se vivessem no Alentejo: a tranquilidade, paz, qualidade de vida, amizade, cultura, tradições, e principalmente o poder saborear a gastronomia alentejana, que é uma das maravilhas desta região de Portugal.
Um mundo simplesmente DELICIOSO que quero continuar a mostrar de forma singular abordando sempre temas que diferenciam a cultura e o povo alentejano de tudo o resto.
Por mar ou por terra, durante 1,2,3,4,5,6,7,8,9 ou 10 minutos, aproveitem para descontrair e relaxar, enquanto os levo a viajar, com toda a modéstia, neste mundo espantoso que é o Alentejo.
Uma vez mais, o meu muito obrigado a todos os que me têm acompanhado mas também a todos aqueles que me seguirão no futuro, quer sejam alentejanos ou amigos do Alentejo.
Comentem, façam-se seguidores, deixem-se envolver neste Delicioso Alentejo, que é também vosso.


E como um aniversário tem de ter presentes, ofereço às 2 primeiras pessoas que se inscreverem, o almoço no próximo Delicioso Encontro Alentejano, cuja data ainda está por confirmar, e no qual haverá brindes surpresa. Para isso, basta enviar um email para: deliciosoalentejo@gmail.com.

Daqui até lá, tente ser feliz o mais possível. Mande a tristeza “às favas” ou venha comê-las connosco.


FAVAS COM CHOURIÇO

Ingredientes
2 kg de favas
200 g de toucinho
1 chouriço preto
1 chouriço encarnado
Azeite ou banha
Coentros
Folha de alho ou dentes de alho
1 colher de sobremesa de açúcar
Água
Hortelã
Alface


Descascar as favas. Fritar os chouriços e o toucinho num pouco de azeite ou banha. Retirar as favas e na gordura pôr as favas e umas quantas cascas, com os coentros atados na folha de alho ou, na falta desta, acrescentar os dentes de alho. Pôr a refugar dando umas voltinhas às favas. Quando estiverem murchas, deitar a água quente e o açúcar. Deixar cozer em lume brando e no final deitar umas folhas de hortelã.
Se quiser fazer sopas, terá de acrescentar água para o caldo. 






E, depois deste repasto, não se esqueça, se for ao Alentejo, dê-lhe um beijo......





(Se fores Ao Alentejo_ Cancioneiro alentejano,  vozes de Francisco Baião e Manuel Aleixo -2012. Publicado por alexandrealeixo1959)


Um bem haja a todos vocês.  E muito obrigado por acreditarem neste projeto. 





domingo, 22 de abril de 2012

Papoilas do Alentejo




Uma papoila cresceu no asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Uma papoila toda vermelha, com os seus olhos negros virados para mim, de folhas empinadas. Era muito frágil essa papoila. Pelo menos parecia. É que apesar da sua aparente fragilidade teve força suficiente para romper pelo asfalto e crescer na mais árida das terras. E ela cresceu, cresceu, erguendo-se dia após dia em direcção à luz e ao sol. Quando o vento lhe batia, dobrava-se um pouco para logo a seguir endireitar-se. Tão valente me saiu essa papoila. Valente ou orgulhosa por ter conseguido vir do fundo das trevas e abrir o seu caminho em direcção à liberdade? 
Apesar de tanto lutar para se manter erguida, não conseguiu resistir aos calores tórridos e secos do Verão que se aproximou. E lá se foi a bela papoila. Desapareceu. Desengane-se quem pensar que se perdeu para sempre, pois, na Primavera seguinte lá estava ela outra vez a romper pelo asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Uma papoila toda vermelha, com os seus olhos negros virados para mim, de folhas empinadas. Ela não desistiu, simplesmente recolheu-se uns tempos para regressar com mais força e largar as suas sementes, para ao seu lado crescerem mais papoilas. E já não era só uma mas todo um tapete de papoilas que estava junto ao passeio da minha casa. Unidas, sem se deixarem quebrar pela força do vento, a baloiçarem-se num sopro de esperança. Eu sei que um dia partirão mas voltarão, com os olhos negros cheios de sonho e de verdade, e irão crescer ainda mais juntas e unidas, pelo asfalto duro e árido da minha rua.
Esta papoila podemos vê-la nos campos do Alentejo. Manchas vermelhas de paixão, fervor e resistência, a lutar por um lugar ao sol, por um lugar melhor. Frágil, mas com a força e a convicção suficientes para enfrentar as maiores adversidades. E, mesmo que por momentos pareça não existir mais, o sonho, a luta, a razão e a justiça farão com que volte novamente. Como aquela papoila que rompeu pelo asfalto mesmo juntinho ao passeio da minha casa. Tal e qual a democracia.





Nunca esteve no meio de um campo cheio de papoilas? Então, faça este exercício. Sente-se confortavelmente e imagine-se rodeado de flores. Oiça a natureza a cantar a vida. Sinta-se tranquilo, em paz e livre. Veja quanta felicidade estas e outras flores lhe podem transmitir. 



Mas felicidade, é também comer uma bela fatia de bolo de requeijão. E, esta é a época do requeijão. Vamos lá então provar uma deliciosa fatia.... ou duas.....

BOLO DE REQUEIJÃO

Ingredientes
250 gr. de Requeijão 
200 gr. de Açúcar 
150 gr. de Farinha de Trigo 
50 gr. de Margarina 
4 Ovos Inteiros 
1 colher de chá de fermento
1 Raspa - Limão 
1 Colher chá de Canela em pó

Bata as gemas com o açúcar e o requeijão previamente esmagado com um garfo. Acrescente a farinha, a manteiga derretida, o fermento, a canela e a rapa do limâo. Mexa tudo. Bata as claras em castelo e adicione ao preparado anterior. Envolva bem. Deite numa forma, untada com manteiga e forrada com papel vegetal também untado. Leve ao forno pré-aquecido a 180.º durante cerca de 40 minutos. Polvilhe com açúcar em pó e sirva.