Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão
pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então
brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não
findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
O Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de-cantar
(Carregado por CachopaLinda)
O poema “Cantar Alentejano” de Vicente Campinas, musicado magistralmente por José Afonso, evoca a tragédia que vitimou Catarina Eufémia. No dia 19 de Maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina foi morta por um GNR depois de ter ido reivindicar com as suas companheiras um aumento ao feitor da herdade onde trabalhavam. Catarina Eufémia passou a ser considerada como uma heroina e representada como um símbolo da luta anti-fascista em prol de uma sociedade mais justa, democrata e com mais igualdade entre todos.
O poema “Cantar Alentejano” de Vicente Campinas, musicado magistralmente por José Afonso, evoca a tragédia que vitimou Catarina Eufémia. No dia 19 de Maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina foi morta por um GNR depois de ter ido reivindicar com as suas companheiras um aumento ao feitor da herdade onde trabalhavam. Catarina Eufémia passou a ser considerada como uma heroina e representada como um símbolo da luta anti-fascista em prol de uma sociedade mais justa, democrata e com mais igualdade entre todos.
Em vésperas de se comemorar o Dia Internacional da Mulher, não posso deixar de evocar a coragem e a determinação destas alentejanas, cujo único mal foi de ter tido a frontalidade de exigir um pouco de pão para dar de comer aos filhos.
As mulheres alentejanas,
ao longo da história, sempre souberam lutar para defender a sua família e até o
seu país. Recordo aqui a luta das ceifeiras, mas também das mulheres dos
mineiros de Aljustrel ou de S. Domingos, que apesar dos perigos que corriam
nunca se calaram para reclamar aquilo a que tinham direito. Além da miséria em que viviam, muitas ainda foram presas
ou viram os seus maridos, irmãos ou filhos terem a mesma sorte. Outras tiveram
de emigrar. Viviam numa sociedade que não lhes reconhecia direito nenhum. Os
tempos passaram, mas as dificuldades e as discriminações por que passam as
mulheres continuam a ser cada vez mais uma realidade.
Hoje, mais do que nunca o
papel da mulher é imprescindível para o desenvolvimento da nossa sociedade. Por
isso, dedico este poema a todas as mulheres e principalmente às alentejanas a
viver em Portugal mas também a todas aquelas que estão espalhadas por esse
mundo fora. Mas, quero aqui também deixar uma palavra aos homens, para que num
futuro muito próximo nunca mais seja necessário comemorar este dia. Eles também
têm um papel muito importante a desempenhar nesta procura de igualdade entre os géneros. Pois como dizia o cantor francês Jean Ferrat “A mulher é o futuro do homem”.
Uma simples curiosidade,
sabiam que a mulher só conseguiu entrar no mundo da ciência, que desde sempre tem pertencido aos
homens, através das suas habilidades na cozinha?
Segundo um estudo da investigadora brasileira,
Ana Maria Alfonso-Goldfarb, foi pela sua capacidade em “atear e controlar o
fogo para preparar os alimentos – considerada uma actividade difícil e
propriamente feminina – que as mulheres ajudaram a desenvolver até meados da
Idade Média uma série de produtos, como os primeiros destiladores, extractos,
perfumes, medicamentos, pomadas e licores. Segundo esta professora da Pontifícia Universidade Católica
(PUC) de São Paulo : “A cozinha era um espaço restrito para a
maioria das mulheres. E foi entre a preparação de caldos e guisados que elas
começaram a praticar o trabalho de laboratório desenvolvendo uma série de
produtos que, posteriormente, passaram a ser utilizados por médicos e
botânicos, na maioria das vezes se apropriando das descobertas femininas e não
lhes atribuindo o devido crédito”.
Como quê, bem me parecia que “cozinhar era o melhor
remédio”.
Pisar ervas num almofariz para fazer umas belas sopas,
isto é que é a verdadeira ciência da cozinha alentejana.
E, que tal experimentar, simplesmente, bater o pão para obter umas belas migas?
Vamos a isso?
MIGAS DE AZEITE COM CARAPAUS FRITOS
Ingredientes:
Pão duro
Alho
Azeite
Água morna
Carapaus
Farinha
Óleo
Uma ou 2 horas antes, limpe o peixe e deite umas pedrinhas
de sal para tomar bem o gosto.
Numa terrina, corte o pão em pedaços pequenos. Aqueça água. Deite um pouco de água sobre o pão para amolecer.
Numa frigideira, ponha o óleo a aquecer. Quando estiver bem quente, deite o peixe passado previamente por farinha. Vire de vez em quando, e retire para uma travessa forrada com papel absorvente.
Num tacho, frite os alhos cortados finamente no azeite. Quando o alho estiver lourinho, vá acrescentando pouco a pouco água quente para amolecer o pão. Deite um pouco de sal e bata o pão com uma colher de pau até começarem a formar uma bola.
Um prato simples, barato e delicioso.
Bem haja a todos.
Bem haja a todos.
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