As casas típicas alentejanas caracterizam-se pelas suas chaminés. Supostamente de origem árabe, elas podem ser cilíndricas, quadradas ou rectangulares.
No alto das chaminés, costumam estar cata-ventos, representando figuras variadas em função das localidades como galos, peixes, cães ou D. Afonso Henriques montado no seu cavalo. Algumas estão datadas. Todas são verdadeiras obras de arte.
As suas dimensões variam e podem chegar até aos três metros de altura, com um metro de diâmetro. Diz-se que o seu tamanho representava o estatuto social de quem as mandava construir, podendo até existir várias chaminés num mesmo telhado.

Hoje em dia e agora que o frio já se faz sentir, as chaminés voltam a acender-se, e no ar paira um leve e delicioso odor a lenha queimada. Respira-se um ambiente como não há outro igual.
E agora, imagine-se depois de um longo dia de trabalho, sentado confortavelmente debaixo de uma destas grandes chaminés. Lá fora está frio e chove. A trovoada aproxima-se e a chuva cai cada vez com mais força. O seu olhar fixa-se no lume e ouve o som suave e langoroso de um cante alentejano misturado com o crepitar da lenha a arder e o barulho da chuva a bater nas janelas. As chamas dançam para si, e projectam a sua sombra nas paredes da chaminé. A temperatura está agradável, e sente-se invadido por uma doce e agradável sensação de paz e tranquilidade.
Aproveite este momento, pois nesta altura de grandes conflitos, só conseguiremos afastar-nos das nossas preocupações e vencer todos os obstáculos se nos mantivermos em harmonia e em equilibro connosco. Por isso, nada melhor do que dar mais importância a estes pequenos momentos de prazer. Estes ninguém nos tira.
Como vê para ser feliz, não é preciso grande coisa. Uma simples lareira e um bom lume. Claro se juntar a isto os seus amigos e familiares, um bom livro para ler, a sua malha ou croché, com um copinho de vinho, chá ou café e uns bolinhos, a felicidade estará mais completa.
Como vê para ser feliz, não é preciso grande coisa. Uma simples lareira e um bom lume. Claro se juntar a isto os seus amigos e familiares, um bom livro para ler, a sua malha ou croché, com um copinho de vinho, chá ou café e uns bolinhos, a felicidade estará mais completa.
Assim, para que não lhe falte nada, e como estamos perto do Natal, chegou a hora de começarmos a pensar nos doces de Natal. Hoje, vamos às filhoses com aguardente. Fininhas e saborosas tal e qual a minha mãe fazia.
FILHOSES DE NATAL
Ingredientes
3 laranjas cortadas ao meio
3 ovos
1 copo de aguardente
Óleo para fritar q.b
sal q.b
Pôr a farinha num alguidar, fazer uma cova e espremer o sumo das laranjas dentro da cova. Deitar os ovos, o sal e a aguardente.
Entretanto aquecer o azeite. Quando estiver quente, fritar uma côdea de pão para lhe retirar a acidez.
Depois retirar a côdea e deitar o azeite na farinha juntamente com a banha derretida. Amassar muito bem.
Pôr um pouco de água a ferver com as cascas das laranjas, mas só durante 2 a 3 minutos para não amargar.
Regar pouco a pouco a massa com a água quente das cascas, à medida que vai secando. Continuar a amassar até que a massa não pegue nas mãos. A massa tem de ficar quente para se poder esticar bem. Pode cortar a massa em dois pedaços e amassar uma metade de cada vez.
Polvilhar a mesa com um pouco de azeite e experimentar esticar um pouco de massa. Se ela se partir ainda não está boa. Continuar a amassar até que fique mais elástica e se consiga esticar bem. Depois com o rolo (ou se não tiver uma garrafa de vidro) untado um pouco de azeite estender devagarinho a massa o mais finamente possível. Cortar a massa com uma recortilha em forma de rectângulos ou quadrados e fazer três riscos ao meio. Pegar delicadamente e colocar numa toalha para ir secando.
Depois de estendidas todas as filhoses, fritá-las em óleo quente, onde também previamente se fritou uma côdea de pão. Virar as filhoses no óleo e retirar logo a seguir para não ficarem queimadas.
Colocar numa travessa. Na altura de servir polvilhar com açúcar.
O meu pai costumava, e já era quase uma tradição para ele, na manhã do dia de Natal, ao pequeno-almoço, comer uma filhós com um copinho de aguardente. Uma delícia, dizia ele!
obriga vou fazer agora pelo natal
ResponderEliminarDe certeza que todos vão adorar. Feliz Natal para si e os seus.
ResponderEliminarNos chamamos isso de fritos na zona de odemira....mas e muito bom. Fazemos tambem pasteis de batata doce com a esma massa.
ResponderEliminartal e qual como as que a sra Maria da Graça (minha querida mãe) faz!!! Vila Nova de S. Bento!!!!
ResponderEliminarJá fiz estas filhoses muitas vezes e vou continuar a fazer ou não fosse eu Alentejana são belissimas!!!!!!!!
ResponderEliminarEstas filhoses são realmente, para mim, as mais saborosas. E, quando elas são feitas pelas nossas mães, mais saborosas são. Está na altura de pensar em começar a fazê-las. Abraço e festas felizes para todos.
ResponderEliminarAs filhoses da minha infância que se preparavam em casa dos meus padrrinhos em moura,tinha uma diferença é que eram preparadas pelo carnaval e não no Natal eram maravilhosas.
ResponderEliminarO Alentejo é tão rico que cada zona tem as suas tradições e costumes. Comidas no Carnaval ou no Natal, o importante é comer as filhoses que são um verdadeiro tesouro para o nosso paladar. Mas como estamos tão próximo do Natal, não espere pelo Carnaval, aproveite e delicie-se já como elas. Boas festas.
ResponderEliminarA minha avo materna, fazia - as no lume do fogo ( como era chamado), debaixo de uma chamine enorme, e tendia - as sobre um paninho branco, sobre o joelho e fritava - as numa frigideira enorme posta sobre uma trempe de ferro.
ResponderEliminarIsso, para quem sabe ,era o verdadeiro espirito de Natal.
Saudades da minha infância. Faço estas filhoses, porque são uma delícia, para manter a tradição e em homenagem à minha querida mãe e avó paterna. Feliz Natal para todos
ResponderEliminarQuando estiverem a comer as filhoses, fechem os olhos por uns instantes, e imaginem-se na casa das vossas avós debaixo de uma grande chaminé. Puro momento de magia.
ResponderEliminarFeliz Natal para todos.
Já fiz isso muitas vezes. Tenho pena que os meus netos (se os tiver) não possam experimentar essa magia. Que saudades desses tempos
Eliminarcomo eu gosto da lareira alentejana quer faça chuva, frio ou fazendo os doces de natal!
EliminarComo tem razão! Os maiores prazeres e momentos de felicidade estão nas coisas mais singelas da vida. Aproveite bem esta época natalícia.Abraço e Feliz Natal.
Eliminarobrigado pela receita, esta era a receita que a minha mãe fazia, alentejana de Serpa, obrigado por me fazer recordar da minha infancia e dos dias felizes de Natal a fazer filhozes com a minha mãe que já partiu, obrigado
ResponderEliminarque saudades da minha infancia,da lareira da minha avó(em uma cazinha rustica no meio de uma serra alentejana), das pequeninas cadeiras de palha onde nos sentavamos (dentro da lareira) com o prato do jantar no colo, a ouvir historias de outros tempos....
ResponderEliminarMuito bom. Obrigado pela partilha destes segredos de sabores ancestrais.
ResponderEliminarQual a medida do copo com aguardente em ml?
ResponderEliminarFoi as que sempre fiz, aprendi com a minha mãe. As quantidades nem são muito importantes, vai a olho, mas há que respeitar mais ou menos 1 kg de farinha para 3 ovos, o resto é a massa ficar no ponto de ser estendida. Ponho erva-doce moída, que a minha mãe punha, mas há quem não ponha, mas ficam sempre boas. Aqui onde moro,no Algarve, já eclipsaram as algarvias, mas juro que não foi por mal. Confraternizem, um feliz Natal
ResponderEliminarLembro-me de minha avó fazendo uma massa parecida com esta. No entanto, era aerada, fofa e sem qualquer preocupação na estética. A massa era totalmente neutra, ou seja, nem salgada nem doce e colocada às colheradas no óleo o bem quente e, assim, comíamos com açúcar e canela, mel ou, até, recheadas de bacalhau. Minha avó era de Valoura. Não sei se há algo em comum entre esses lugares mas, nunca mais esqueci. Sempre me pareceu uma receita extremamente simples. Infelizmente, a massa/receita original, perdeu-se no tempo.
ResponderEliminarola
ResponderEliminarQueria deixar o meu agradecimento a quem escreveu este post. Na minha família quem fazia as filhoses era a minha avó, no entanto ela faleceu sem deixar a receita. Anos depois de várias tentativas falhadas de replicar a receita finalmente achei uma que se aproxima muito daquilo que me lembro das filhoses da minha avó. O que me fez acreditar que está receita era a certa foi, para além dos ingredientes serem os mesmos que me lembrava, a parte de aquecer o azeite com a côdea do pão, que é algo que me lembro da minha avó fazer. Muito obrigada mesmo. Umas excelentes festas para vós.
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